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O maior contrato de Anderson Silva, com a
Budweiser, acabou exatamente nesta luta com Diaz e teria de ser
renegociado de qualquer maneira. A cervejaria pagava R$ 1,1 milhão por
ano, num acordo que fora fechado anos antes, e era a única empresa a
“abraçar a causa” do atleta. Na televisão, rodou comercial no qual o
Spider se levantava do fundo de um poço e escalava paredes até sair
dele. Na camiseta que o lutador vestiu ao caminhar até o octógono, havia
o slogan da empresa adaptado ao momento dele: “Great times are coming back”. Para o azar da Budweiser e de Anderson Silva, o doping o jogou novamente no fundo deste poço.
Outros patrocínios eram menores. A Furnas,
subsidiária da Eletrobras no Rio de Janeiro, paga R$ 240 mil anuais a
Spider, mas este é um acordo que faz parte de um pacote que tem mais de
30 outros lutadores. É um dinheiro que entra graças a leis de incentivo
do governo carioca. Cotas de patrocínios pontuais, válidos apenas para
determinada luta, como no caso do Hotel Urbano, que estampou sua marca
no calção do lutador na luta com Diaz, são negociadas por valores de R$
250 mil para baixo.
Anderson Silva agora terá de renegociar o contrato
da Budweiser e de outras patrocinadoras menores em péssima condição. Um
lutador de MMA não é como um jogador de futebol, que faz gol todo
domingo e toda quarta-feira em partidas transmitidas pela TV aberta. Ele
luta uma vez por ano, talvez duas, e depende do pré-luta e do pós-luta
para se promover. Agora seria o momento de dar entrevistas a emissoras e
revistas nacionais, falar de superação, de todas as adversidades
enfrentadas desde que quebrou a perna diante de Chris Weidman. Isso
alavanca o retorno que patrocinadores têm e dá argumentos ao negociar
contratos. Nada disso terá o mesmo efeito porque, agora, Silva terá de
explicar o doping em toda mídia que visitar.
A marca de Spider também está arranhada. Ele
continuará a ter visibilidade, a gerar audiência para televisões e a
vender pacotes de pay-per-view, sem dúvida, porque é o maior ídolo
brasileiro de um esporte que se popularizou de uma década para cá. Mas
os valores que ele carrega não são mais os mesmos. Quando menosprezou
Weidman e acabou nocauteado, ganhou o rótulo de arrogante. Na luta
seguinte, quando quebrou a perna, deu azar. Nada negativo. Agora, com o
caso de doping, põe a pecha de hipócrita no currículo, pois afirmara publicamente que lutadores que usavam substâncias proibidas deveriam ser banidos,
e passa a impressão de que faz de tudo, até quebrar regras, para voltar
a vencer. São adjetivos que, se não diminuem o carisma e a simplicidade
que o marcavam, prejudicam a marca dele.
Para dificultar um pouquinho mais, os encarregados
por negociar patrocínios futuros para o brasileiro não são mais os
mesmos. A 9ine, agência de Ronaldo, Marcus Buaiz e do grupo de
publicidade WPP, rompeu com o lutador no fim do ano passado e foi substituída pela ICM,
uma empresa estrangeira que trabalha com o mercado de entretenimento e
chegou para tornar realidade o sonho de Anderson Silva de ser ator.
Herbert Mota, agente de Spider desde 2010, também se afastou dele e foi
trocado pelo carioca Marcello Magalhães. Não há nada que impeça os novos
responsáveis pela carreira de Silva de conseguir os mesmos ou até mais
contratos, mas, como o relacionamento entre agências, agentes e empresas
têm um papel importante numa negociação de patrocínio, esta troca torna
tudo mais trabalhoso.
Anderson
Silva trocou de estafe porque julgava que poderia ganhar mais dinheiro
se não tivesse uma agência com exclusividade, como era o caso da 9ine, e
porque queria fazer a transição em sua carreira de lutador para ator de
Hollywood. Pode não conseguir nem um, nem outro. Irá depender de seus
próximos movimentos, cruciais numa gestão de crise, como provar que é
inocente da acusação de doping, como disse a médico brasileiro, e do que irá dizer agora a torcedores e patrocinadores.
O blog procurou Budweiser, Hotel Urbano, Do Bem e
Viber, todas empresas que tiveram visibilidade na luta entre Anderson
Silva e Nick Diaz, para obter posicionamentos oficiais. A Budweiser
afirmou que não irá se pronunciar neste momento. As demais ainda não
responderam ao pedido
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