OPINIÃO: As distorções na pesquisa eleitoral e o uso da imagem de Eduardo Campos
Por Paulo César Gomes, Professor e escritor serra-talhadensse
Dois fatos chamaram a minha atenção nesta
semana, a primeira foi à divulgação de
pesquisas eleitorais
com números absolutamente controversos. Entre as mais curiosas está a
da ISTOÉ/Sensus, que aponta Dilma com 35%, um empate técnico entre
Marina, 25%, e Aécio, com 20,7%, números totalmente diferentes do que
foram publicados pelo Datafolha.
Pelos números apresentados pelo instituto, Dilma continua crescendo e
subiu de 37% para 40%. Marina perdeu três pontos, de 30% para 27% e
Aécio Neves estacionou nos 18%. No cenário de
segundo
turno, Dilma subiu de 44% para 47%. E no segundo turno vence Marina por
46% a 43%. Chega a ser estranho que uma pesquisa aponta para um quadro
definição para o segundo outro registre que a segunda vaga para a
disputa está em aberto. Mas afinal, que está com a razão?
Já na disputa estadual a coisa está pior que a encomenda. Têm
instituto cravando que Paulo Câmara já tem mais de 10% de frente sobre
Armando Monteiro, e
outros são categóricos em afirmar que o cenário é de empate técnico entre os dois candidatos.
No entanto, a mais assustadora previsão foi publicada no JC (27/09).
Os números de duas pesquisas divulgados pelo jornal para o Senado são
extremamente contraditórios.
Para o Datafolha João Paulo têm 37% e Fernando Bezerra 29%, já para IPMN (
Instituto de Pesquisa
Mauricio de Nassau), o cenário é outro: Fernando têm 32% e 30%. O
interessante é que o jornal fez questão de estampar na capa que Fernando
passou João Paulo, se destacar que os dados estão dentro da margem de
erro, o que se configura como sendo um empate técnico. Enquanto isso, os
números do Datafolha foram publicados em meio a outros assuntos sem o
menor destaque. Vejam como a disparidade entre uma e outra é gritante. O
pior de tudo é a postura do Jornal.
Pelo que estamos vendo dar para imaginar que existe alguma coisa
errada nessa história, ou os métodos usados para colher os dados estão
sendo praticado de forma equivocada ou têm alguém querendo “vender gato
por lebre” e acabar influenciando o eleitor a praticar o chamado voto
útil, ou seja, aquele voto dado a quem supostamente vai ganhar a
eleição. Na
verdade, esse é o pior voto que se têm, porque é fruto do “
oba oba” e não trás consigo nenhum grau de conscientização ou coerência.
O outro fato que chamou bastante atenção é o uso excessivo da imagem do ex-governador
Eduardo Campos. No entanto, se faz necessário frisar que o uso
de imagens
de líderes políticos já vem sendo praticado há séculos, desde as
primeiras civilizações, o que é se caracteriza como uma forma de culto
ao personalismo e que ganhou contornos nefastos com ascensão do de
Hitler e do Nazismo, na Alemanha, assim como de Stalin, na União
Soviética, Mussolini, na Itália, e Getúlio Vargas, no Brasil, entre
tantos déspotas da contemporaneidade.
É óbvio que Eduardo Campos tornou-se a maior referência política de
Pernambuco nas últimas décadas e a sua trágica morte despertou ainda
mais paixões, elevando a sua imagem a condição de mito. Diante desse
novo
cenário político, criado a parti do 13 de agosto, muitos cabos
eleitorais do ex-governador pegaram carona no trilho do mito recém
surgido para tirarem proveitos eleitoreiros. Claro que muitos vão dizer
que estão prestando uma homenagem ao grande líder ou que o mesmo
autorizou a campanha de marketing ainda em vida.
No entanto, é preciso que se discuta a contribuição dessa prática
para da verdadeira democracia – que a cada dia se torna mais
fragilizada.
Por que
se Eduardo escolheu Paulo Câmara para ser seu candidato, e o fez de
forma pública, a aparição da sua viúva e do seu filho, respaldando tudo o
aquilo que já foi dito, acaba se tornando mais um clichê político, para
não dizer apelativo. O desafio não é provar ou comprovar o DNA de Paulo
Câmara. O desafio é provar que ele é capaz de governar Pernambuco com
segurança, independência e eficácia, além de demonstrar que possui um
estilo próprio para liderar.
Se
as coisas
continuarem assim, e a cada eleição as imagens e a voz de Eduardo
Campos forem usadas para fins meramente eleitoreiros, teremos então um
modelo de se fazer política extremamente perigoso e alienador, além de
ser muito oportunista, o que acaba de certa forma camuflando um
determinado candidato, político esse que poderá no futuro fazer muita
besteira, entre outras coisas. E no final ficará uma sutil pergunta no
ar. Quem foi o culpado por criar esse monstro?
Um forte abraço a todos e a todas e até a próxima!