quinta-feira, 31 de março de 2016
PETROLINA - PERÍCIA APONTA ENVOLVIMENTO DE AO MENOS 5 PESSOAS NA MORTE DE BEATRIZ
A perícia que investiga a morte de Beatriz Angélica Mota aponta que
ao menos cinco pessoas estão envolvidas no crime. Segundo a Polícia
Civil, que na terça-feira (29) apresentou novas informações sobre o
caso, o assassinato da menina de 7 anos foi premeditado, e os suspeitos
conheciam a escola onde ela estudava.
Beatriz foi morta com mais de 40 facadas no dia 10 de dezembro durante uma festa de formatura na quadra do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, um dos mais tradicionais de Petrolina, no Sertão de Pernambuco.
No dia do crime, Beatriz estava acompanhada do pai e professor da
instituição, Sandro Romilton; da mãe, Lúcia Mota, e da irmã mais velha,
que estava entre os formandos. O corpo foi encontrado cerca de 40
minutos depois que a criança saiu de perto da mãe para beber água e não
voltou mais.
Desde o dia do crime, as informações colhidas pela polícia estavam sob sigilo para não atrapalhar o andamento das investigações.
Suspeitos
Segundo o delegado responsável pelo caso, Marceone Ferreira, e o
perito criminal Gilmário Lima, quatro homens e uma mulher foram
identificados e podem estar envolvidos na morte de Beatriz.
Um dos homens aparece nas imagens da cobertura oficial do evento,
visivelmente nervoso, perto do horário do crime. Outro negou ter estado
dentro da quadra, mas imagens da festa mostram o contrário.
O terceiro suspeito pediu para não trabalhar dentro da quadra no dia
da formatura e disse à polícia que não esteve em momento algum no local,
mas testemunhas o viram na festa.
O quinto suspeito, um vigilante, foi visto entrando em uma sala
vazia, onde ficou cerca de 1h40, quando deveria estar em outro setor.
“Esse personagem ficou dentro dessa sala e só saiu quando o crime
certamente já havia acontecido. Ele teve uma atitude realmente
inexplicável. Ele tinha inclusive a função de vigilância da escola e
estava na verdade dentro de uma sala, no momento que o crime aconteceu”,
disse Marceone.
A polícia ainda suspeita de uma mulher que aparece nas imagens
seguindo em direção à área onde o corpo foi achado. De acordo com o
delegado, todos os suspeitos mentiram ou caíram em contradição nos
depoimentos.
Sobre a identidade dos cinco, Marceone disse que não pode adiantar
informações, mas enfatizou que os envolvidos conheciam o colégio.
“São personagens que preferimos não identificar inicialmente. Mas,
são pessoas de dentro da escola. Gostaria de fazer uma ressalva de que
uma coisa é um funcionário eventualmente ter participado, ou sabia ou
está com medo de falar o que sabe, uma coisa é o funcionário ter
envolvimento com a situação outra coisa é a escola. Mas, esses
personagens são pessoas que trabalham na escola”, esclareceu o delegado.
Local do crime
Ainda segundo a perícia, realizada pelo Grupo Especializado em
Perícias de Homicídios, o local onde o corpo de Beatriz foi encontrado
não apresentava vestígios de que o crime ocorreu ali. Não havia fuligem
no corpo da criança, o que aponta que ela não entrou no local andando ou
arrastada.
A polícia divulgou ainda que o local onde o corpo foi achado estava
absolutamente escuro à noite, que é de difícil acesso e ainda estava
interditado, porque no dia 16 de outubro ex-alunos do colégio atearam
fogo na área. Após o incêndio, a sala foi desativada, ficando cheia de
fuligem e de objetos queimados.
"Ocorreu a execução do crime em um outro local da escola, a criança
foi transportada e jogada dentro do depósito, atrás do armário. Isso é
uma conclusão que a polícia cientifica chegou. O laudo só saiu agora e
por isso estamos fazendo essa divulgação. Isso traz questionamentos,
como se deu toda essa logística confirma a probabilidade de que mais de
uma pessoa teve participação", disse o delegado Marceone Ferreira.
Antes de Beatriz, uma outra criança também teria sido abordada por um
homem de camisa verde, que pediu ajuda para 'ir buscar uma mesa', na
área do bebedouro. Assustada, a criança não aceitou e saiu correndo.
Nove testemunhas descreveram o homem de camisa verde, em um local
próximo onde o corpo de Beatriz foi encontrado. Quatro pessoas foram
submetidas a sessões para a produção do retrato falado do suspeito, com
dois peritos, sendo um da Polícia Federal e outro da Polícia Civil
de Pernambuco.
“Ele foi visto por várias testemunhas que confirmam essa mesma pessoa
lá. Então, essa pessoa suspeita, quando a criança desceu, ele estava lá
no bebedouro. Isso está comprovado dentro da investigação e estava só. A
pessoa que abordou a criança, foi ele. Não tinha outra pessoa ali. Não
resta dúvidas de que ele é um dos autores direto do crime", comentou
Marceone.
Chaves
Outro fato novo apresentado pela polícia diz respeito ao sumiço de
três chaves que dão acesso a áreas do colégio. Segundo o delegado, o
sumiço foi notado pela direção 10 dias antes do crime.
"Esse molho de chaves teria passado por um segurança e dois
assistentes disciplinares, que ao final do dia, registraram em um livro
de ocorrências o fato. As três chaves que sumiram fecham uma
triangulação perfeita para a rota de entrada e fuga de suspeitos”,
destacou Ferreira.
Crime
O corpo de Beatriz foi encontrado na noite da festa, por volta das
22h50, cerca de 40 minutos após ter desaparecido. Ela tinha ferimentos
de faca no tórax, membros superiores e inferiores. A faca usada no crime
foi encontrada próximo à criança.
O local onde o corpo de Beatriz foi achado fica a 54 metros de uma
câmera do circuito interno de segurança do colégio. Fotos apresentadas
pela polícia mostram a qualidade das imagens comprometidas por causa da
escuridão, no provável momento da execução do crime.
No dia do assassinato, a maioria das pessoas estava concentrada na
quadra e uma pequena parte nas imediações. O evento contava com a
participação de aproximadamente 2.500 pessoas, entre pais, alunos,
formandos, convidados e funcionários.
Quatro seguranças trabalhavam no local, sendo dois na portaria
principal de entrada dos formandos e convidados, um dentro colégio e um
na porta da frente.
O colégio possui uma área de 20 mil metros quadrados, o maior do
Sertão Pernambucano, com 90 anos de funcionamento. A escola possui cerca
de 200 salas. Para a polícia, a área onde o crime pode ter ocorrido é
de uma região de 2.250 metros quadrados.
saiba mais
Fonte - G1 Petrolina
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