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terça-feira, 18 de agosto de 2015

Histórias de repórter (94)

Nos últimos 30 anos de batente no jornalismo, tive momentos variados na relação pessoal e profissional com o ex-governador Eduardo Campos, morto num acidente aéreo em Santos (SP), em 13 de agosto do ano passado. Em alguns, ele era totalmente fechado e negativo em relação a mim, inclusive com sinais extremamente hostis, como ocorreu num episódio de diálogo áspero numa cobertura do “Todos por Pernambuco”, entre Petrolina e Araripina, objeto de outro capítulo que escreverei aqui até o final desta série, que acaba no 100º capítulo, daqui a seis dias.
Em outros momentos, estes mais raros, Eduardo abria sua alma de maneira completa e transparente, sem colocar limites de segredos. Um assunto sobre o qual conversamos em diversas oportunidades foi o seu período como secretário da Fazenda. Ele me disse que foi uma experiência fundamental na sua vida política e pessoal, tanto os eventos agradáveis quanto os desagradáveis.

E vou tratar dos dois. Começo pelos agradáveis hoje e amanhã falo dos desagradáveis. Eduardo tinha um orgulho imenso do trabalho que fez no projeto “Viva a Nota” e depois “Todos com a Nota”. Ele me dizia que foi possível entender como a população tem gana de ser parte do engajamento cultural e cidadão.

Lembrava que a campanha pela nota fiscal fez a receita de ICMS aumentar 35%, ao mesmo tempo em que o povo participava das atividades culturais. Eduardo se emocionava quando recordava as diversas atividades da campanha inovadora, que terminou até com matérias especiais na Rede Globo de Televisão.

Um exemplo que ele falava com orgulho era o “Viva o Teatro”, comandado pelo teatrólogo Antônio Cadengue. A primeira apresentação foi uma estrondosa surpresa, pois lotou o Teatro do Parque com a população fazendo fila da Rua do Hospício até a Rua Dom Bosco com a Conde da Boa Vista.

Depois, ao levar apresentação de teatro para o Ginásio de Esportes do Geraldão, o mesmo ficou lotado a ponto de ficar uma multidão do lado de fora. Isso se repetiu com o “Viva a Música”, “Viva o Cinema”, além de ter conseguido que a TV Pernambuco atingisse audiência de mais de 20% nos sábados à tarde, com o Programa “Viva Pernambuco”, dirigido pelos cineastas Cláudio Assis, Hílton Lacerda e o DJ Dollores.

Eduardo me falava que tinha grande ligação com Ariano Suassuna, porém também nutria forte identidade com os fenômenos culturais das novas gerações da música, do cinema, das artes plásticas e da literatura, pois cresceu num ambiente intensamente cultural. Falava-me que a cultura originalmente foi até mais forte na formação dele do que a política. Eduardo me dizia que cresceu respirando cultura e arte com a mais completa intensidade.

Foi daí que nasceu o trabalho marcante e inovador que Eduardo criou enquanto secretário da Fazenda. Sem dúvida que a cultura se revelou algo fortemente original para uma Secretaria puramente técnica, que geralmente trata de assuntos áridos como impostos e finanças. E foi esse exercício inovador de Eduardo como secretário da Fazenda que fez dele uma revelação política extraordinária e depois seria ampliado em sua atuação futura como governador.

Porém, não foram só experiências agradáveis que Eduardo viveu como secretário da Fazenda. Ele enfrentou também momentos da mais extrema tensão, especialmente no famoso “Escândalo dos Precatórios”, que será o assunto do meu próximo relato amanhã quando vou revelar confidências que Eduardo me fez.

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