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domingo, 6 de abril de 2014

O melhor peixe do Recife

Quina do Futuro, de André Saburó, mantém rotina de vender o atum tipo 1, uma exclusividade na Capital pernambucana

Vanessa Lins, da Folha de Pernambuco
André Nery/Folha de Pernambuco
Sushiman fazendo as primeiras análises ao receber o pescado em seu restaurante, nos Aflitos
 Aparência brilhante, sem ranhuras, buracos ou amassões. Uma carne translúcida num tom que se aproxima ao vermelho cereja. Alta concentração de gordura. Nenhum limo no interior da sua barriga. A descrição corresponde a um belíssimo peixe de 122 quilos, já sem a cabeça, vale destacar. Semana passada, a reportagem acompanhou a chegada e o tratamento de um atum tipo 1, produto de exportação, no restaurante Quina do Futuro - o único no Recife a oferecer o produto, que é o mesmo consumido em praça exigente como o Japão. “É uma baleia, é?”, soltou um espectador mais impressionado com o tamanho do animal. Isso só para sintetizar o entusiasmo/espanto com que é recebido um peixe desses.
O convite foi feito pelo sushiman e chef de cozinha, André Saburó, que é um completo apaixonado pelo ritual da pesca, e, óbvio, por peixes de várias espécies, mas sobretudo por atum. Há quase dois anos, Saburó vem incorporando à rotina do seu estabelecimento a compra, a cada 15 dias, de um exemplar semelhante ao descrito acima, e vendido à sua clientela, que já é bastante mal (ou bem?) acostumada com os pescados frescos de ótima qualidade. Entretanto, o atum tipo 1 é mais que ótimo. Ele ocupa o segundo lugar de excelência na classificação internacional (- 2, 2, 2+, 2 seta, 1 e 1+, este, padrão Japão), ficando atrás apenas de um produto do tipo 1+, que leva vantagem basicamente por ser dotado de maior frescor. E frescor no mercado de peixes equivale a ouro. O anúncio é quase sempre o mesmo: “#atumexport #1 #valendo”. A banca de comércio é o Instagram do chef. É lá que ele bota para vender o rei dos mares. E faz sucesso. Nesse dia, a casa lota e a procura é maior pelas peças com o ingrediente especial.
André Nery/Folha de Pernambuco
Toro: a região mais nobre de um atum tipo exportação
Não dá para quem quer. “O máximo que o peixe dura na vitrine são cinco dias, mas já tivemos alguns que não passaram de um, acabou tudo”, conta Saburó. “Quando ele chega, imediatamente colocamos para os principais preparos do cardápio, os crus e os rapidamente selados, enquanto os outros que já tínhamos, passam para os pratos quentes”, explica. O frisson que uma iguaria dessas provoca se justifica pelo fato de que nenhuma outra casa local oferece peixe melhor e pelo seu preço, quase estratosférico, não ser repassado ao cliente. Quando indago sobre o motivo de resguardar o preço final - um quilo pode variar de R$ 38 a R$ 44, vai depender da variação cambial, já que é negociado em dólar - André explica que o seu objetivo é proporcionar uma experiência que pouquíssimos restaurantes brasileiros trazem ao público, é mostrar uma referência melhor, é tornar-se parâmetro no serviço de peixe mais apreciado na cultura japonesa. Constata que a estratégia tem dado certo e que, além de alegrar os clientes habitués, o atum tipo 1 serve de isca para angariar novos consumidores. Gente, inclusive, que dizia não gostar do pescado, que prefere salmão, mas que ficou tão positivamente impactada, que mudou de hábitos migrando para o vermelhinho. Utopicamente, Saburó imagina algum dia poder trabalhar apenas com o peixe tipo exportação a valores atraentes, se conseguir um volume de vendas que possibilite. Gastronomicamente, um atum desse calibre é um verdadeiro parque de diversões para o sushiman, e para o conviva. É certo que dará um corte chamado toro (pronuncia-se torô), a sua região mais nobre correspondente à barriga, rica em marmoreio de gordura, portanto, de cor mais clara. O kama toro - uma das partes do toro - seria o kobe beef do atum, ou seja, um cor te mais gordo, ainda mais estriado de gordura, textura macia. Após rápida selagem, ganha até, pasme, gosto de carne bovina. Um interessante contrassenso gustativo. A variação de tons de vermelho vai depender também, além da presença de gordura, da proximidade da linha de sangue do animal e da sua localização.
O ATUM - É considerado o peixe mais veloz e dotado de um ótimo senso de orientação. Vive em águas profundas, normalmente a 60 metros de profundidade, e sua pesca é feita com long line - em que linhas de nylon espessas com anzol e isca (lula fresca) são jogadas ao mar, junto comboias e GPS.
Com a palavra, o fornecedor
Comprar um atum dentro dos padrões de exportação não é algo comum, como já vimos nesta matéria. O alto preço desmotiva o mais inócuo interessado. O bom relacionamento com fornecedores é o único meio de tornar isso uma rotina. Quem abastece o Quina do Futuro de exemplares raros é a Oceanus, do empresário José Renato Safdi, empresa com 40 anos de pesca, sendo os últimos nove voltados para esse tipo de peixe e sua exportação.
André Nery/Folha de Pernambuco
Vermelho puxando para o tom cereja é característica exigida
Renato confirma que o Brasil é um mercado que não consome o produto, por ter alto custo. E que, além de Saburó, poucas casas paulistanas e apenas uma no Rio, compram o seu produto. “Meus principais clientes são Nova York e Miami”, comenta Renato, que enfatiza o feito de ser a única companhia nacional a exportar para o Japão, e ter produtos elogiados no mercado Tsukiji Fish Market, em Tóquio, país cujo nível de exigência é altíssimo, por motivo óbvio - é o maior consumidor de atum no mundo. A logística difícil, porém, dificulta a atividade e a negociação acontece poucas vezes. Só para chegar no país, o carregamento leva cinco dias. Em um bom dia de pescaria - nada que lembre a atividade informal e relaxante a que o termo pode levar a pensar - um de seus barcos volta com 150 ou 200 atuns, todos enquadrados nas especificações dos melhores, tipos 1 e 1+. Os pontos de pesca são águas internacionais, ali entre a África e o Brasil, um pouco acima da linha do Equador. Em boa época, nem precisa sair do Brasil, em águas profundas nordestinas, ele também captura.
SERVIÇO:
Quina do Futuro
Endereço: Rua Xavier Marquês, 134, Aflitos
Informações: 3241.9589

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